domingo, 31 de janeiro de 2016

Livros Interessantes - Parte 2

Carta sobre a felicidade - Epicuro      


      Senhores, dando continuidade a série de livros que contém dicas valiosas para a vida de modo geral, hoje pretendo falar sobre um pequeno livro - na verdade o termo carta é mais adequado - do filósofo grego Epicuro, fundador do Epicurismo e da escola grega de filosofia "O Jardim".
      A carta em questão é chamada "Carta sobre a felicidade (a Meneceu)". Esse texto contém vários pressupostos que segundo Epicuro fariam o ser atingir a felicidade. Primeiramente, devemos dialogar sobre o que ele considerava como felicidade, o que era ser feliz para Epicuro? 
      Bem, a ausência de dor física e não ter a alma perturbada pelas questões mundanas era a sua definição de felicidade. Analisando a obra vemos que Epicuro foi o pai da Frugalidade, pois para atingir a felicidade o homem deveria abrir mão dos desejos, mas não quaisquer desejos, e sim aqueles que provocariam demasiada angústia para serem alcançados. Epicuro define os desejos em três categorias: Os naturais e necessários, os naturais e não necessários e os supérfluos. Sendo assim, os naturais e necessários seriam as necessidades básicas de todo ser humano, como comer e dormir, os naturais e não necessários seriam aqueles que figurariam como variações de prazer, mas que o ser humano conseguem viver sem, por exemplo, o sexo. E os não naturais ou supérfluos seriam os verdadeiros responsáveis pela angústia da alma, dada a sua necessidade de posterior superação.
      Podemos ilustrar essas condições na sociedade de hoje: O ser humano é um pêndulo que vai do desejo ao tédio, como nos informou Schopenhauer, quando não temos uma coisa nós a desejamos, quando a temos, fatalmente nos entediaremos dela, e procuraremos superá-las. Daí vem a angústia, ou seja, ficamos mais exigentes e nossos desejos mais difíceis de conseguir. Veja um exemplo: O sujeito mediano deseja comprar um carro popular. Se endivida, fica dependente de um emprego, adquire responsabilidades, enfim, essa aquisição propicia vários fardos que o sujeito terá de carregar. Concretizada a compra, um tempo depois, está o sujeito entediado com o carro, o carro não desperta mais as emoções que despertara quando ele comprou. Ele vê seus amigos trocando de carro; a indústria, sabidamente planeja a obsolescência do modelo do seu carro de forma que, antes mesmo de quitá-lo o sujeito já esteja em agonia para trocá-lo por um modelo superior...
      Esse exemplo pode ser contextualizado em situações diversas, como o do sujeito que come um prato sofisticadíssimo como o "Camarão da Baía de Guaratuba com Linguini fresco e azeite de oliva português Cortes de Cima", harmonizando com o "Champagne Cristal Louis Roederer Brut 2002". Vejam como é complicado satisfazer o gosto desse sujeito, pois se trocar o ano do champagne já estraga o prato, diferentemente do outro que é feliz comendo o podrão do seu Zé com Coca-Zero, infinitamente mais fácil de conseguir - embora nada saudável. Percebam como o ser humano vai perdendo dinheiro, sono, liberdade para satisfazer desejos cada vez mais esdrúxulos e supérfluos, e que o tornam mais egoísta e individualista, na tentativa de ser o único, o diferente, o sofisticado...
      Pois bem, finalizo com um trecho da famosa Carta que diz: "Tudo que é natural é fácil de conseguir, difícil é aquilo que é inútil...."


Abraço a todos!
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